Oi, por que não falas mais comigo? Ela pergunta. Como assim? Não estou fazendo nada de errado, eu respondo. Me deixou no vácuo e não respondeu minhas mensagem de domingo, ela replica. Respondi mentalmente, disparo minha tréplica.
Quem nunca respondeu mentalmente a uma mensagem do Whataspp, deixando a outra pessoa a ver navios, que atire a primeira pedra. É uma prática comum e corriqueira. Você visualiza, tem a ideia da resposta, mas por um algum enigma do universo deixa de responder e vai fazer outra coisa.
Feliz seria eu se esse hábito se limitasse a conversas por mensagens de texto no celular. Estou solteiro e por isso não tem ninguém querendo me matar por causa disso. No máximo perco oportunidades, outra especialidade minha. Mas a minha mania de escrever mentalmente vai muito além, em situações em que ninguém quer me matar, mas eu fico com vontade de me jogar da ponte.
Esta bodega virtual é um bom exemplo. Perceba que o cronista aqui está há um bom tempo sem publicar. E um cidadão que se sujeita a escrever crônicas e trabalha com o jornalismo não fica sem assunto. Ideias para crônicas brotam da terra, das esquinas, da fila da padaria, dentro do ônibus, em tudo que há mais tosco na vida cotidiana. Ideias que viraram maravilhosas crônicas no meu universo, mas que jamais deixaram a minha cabeça.
Quando eu chegar em casa, eu escrevo. Eis aí uma grande maldição. Quase sempre isso não acontece. Ou você esquece da ideia ou você senta em frente ao computador, abre a tela do Worpress e fica olhando ela vazia. Tudo aquilo que você escreveu mentalmente não foi salvo.
Essa crônica sobre o escrever mentalmente já poderia ter sido publicada antes, não? Em outros dos meus apagões de ideias, isso poderia ter entrado no lugar. Mas foi durante uma oficina de leitura sobre artes que o assunto entrou na pauta: o momento de inspiração do artista, a hora que a ideia surge na sua cabeça. Lembrei das minhas eternas mensagens respondidas mentalmente no whatsaspp e me dei conta do problema crônico que tenho.
Por que a escrita sempre fica para depois? Por que eu não puxo o celular/tablet e começo a escrever na hora que a ideia veio? Por que eu não reaprendo a escrever a mão, resolvendo os problemas com um caderninho? A verdade é que ter lembrado desse texto hoje, duas horas depois de chegar em casa, já foi uma vitória.
Se você gostou dessa crônica, comenta aí embaixo. Mas comenta agora. Não deixa para escrever depois, não….