amores de erasmus
Crônicas

Amores de Erasmus

Amores de Erasmus é o nome de uma crônica escrita em 2019 para o projeto jornalístico Viva Covilhã, desenvolvido por estudantes de doutorado da Universidade da Beira Interior, que ficou no ar entre 2019 e 2020.

Havia uma sessão no site chamada “Crónicas das Montanhas”, onde vários autores escreviam, principalmente o blogueiro aqui. Amores de Erasmus foi inspirada em uma história real, mas que deixou de ser um amor de erasmus, pois ele ultrapassou os limites da vida académica. Este amor se formou e permaneceu.

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Ah, o amor. Em tempos de frio, quem recusa dividir uma cama, debaixo dos edredons, sem precisar ligar o aquecedor? Amores, paixões ou mesmo uma mera atração física, uma vontade súbita de unir corpos. Esta crónica fala sobre amor, mas sobre um amor efémero e muito comum aqui nas montanhas: os amores de erasmus.

O amor de erasmus é tipo um amor de verão, mas com características próprias. Assim como o de verão, ele tem data para começar e terminar e nesse caso dura quase sempre um semestre.

O amor de erasmus é a forma mais íntima de fazer-ser intercâmbio. Sabe aquele papo de conhecer pessoas de outras nacionalidades, culturas, etc? Que nada! Os jovens de hoje só querem amores de erasmus, mesmo.

Eu não sou mais jovem e nem estou no sofisticado sistema de vigilância humana de Portugal das janelas dos apartamentos, mas tenho os meus momentos de observação do cotidiano covilhanense e os amores de erasmus é algo que chama a atenção. São três anos a caminhar pelos morros da Covilhã e o que mais vi são histórias de amor internacional que se desfazem no semestre seguinte.

amores de erasmus
As pichações do amor da Covilhã

Em uma cidade universitária, tudo é efémero, até o amor. As pessoas vem, estudam, conhecem a cidade, declaram amor ou ódio por elas. Depois concluem os estudos e vão embora, sejam os portugueses, sejam os brasileiros, angolanos, cabo-verdianos. Para quem está no intercâmbio, isso tudo é ainda mais efémero. O tempo curto exige maior celeridade dos ritos: conhecer, apaixonar, amar, odiar, desiludir…

O amor de erasmus é perfeito para os dias de hoje. Vivemos dias líquidos, pós-modernos, onde tudo é descartável. Amores céleres estão em sincronia com uma sociedade onde tudo muda o tempo todo. Se os jovens vivem na ansiedade eterna, dividir os amores por semestres é uma forma de mantê-los no presente.

Amores semestrais garantem mais histórias para contar, tanto os casais quanto os donos dos bares, taxistas, proprietários de tascas. Na Covilhã, as histórias de amor se renovam duas vezes por ano. É como uma série de televisão que não acaba nunca, mas que troca os personagens com o tempo.

Isso é ruim? Que nada! A crónica não é uma crítica a quem descobre novos amores a cada seis meses. Todos têm o direito de se apaixonar quantas vezes quiser. E quanto à duração dos amores, o Mestre Vinícius de Morais já dizia: que seja infinito enquanto dure…

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