Crônicas

Minha Miss Lexotan

Eu tenho asco a remédios. Na verdade, eu tenho medo de remédios, por isso finjo que tenho asco. Coloco o manto do nojo por cima de muitas coisas que tenho medo. Eu sou daqueles que fica com dor de cabeça para não tomar dipirona. E nunca tenho remédios em casa, na mochila, quando alguém precisa, alguém me pede. Também não sou daqueles que vive nos chás. No máximo, um chá de camomila, que assim como…

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Crônicas

Ninguém deixa as montanhas

Covilhã não sabe brincar. Não sabe, mesmo. Quando é frio, é frio de renguear cusco, como diriam os gaúchos. Quando esquenta, nem o diabo aguenta. Há basicamente duas estações: VSF, que frio e VSF que calor. Todos temos corriqueiramente um sonho de uma noite de meia estação, que ocorre em poucos dias no ano. Chuva? Covilhã também é uma espécie de Joselito. Se é para chover, fica uma semana, duas, um mês. Quando vem o…

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Crônicas

Em um relacionamento tóxico com Blumenau

Blumenau, 168 anos. As timelines das minhas redes sociais estão inundas de belas imagens da capital do Vale. Declarações de amor, relatos de momentos passados surgem de simples moradores, de cidadãos participantes da sociedade, de candidatos a deputado.  Um script padrão para o aniversário de uma cidade. E eu? O que vou escrever sobre esta cidade? Vou colocar uma imagem bonita (tenho várias) e dizer que estou com saudades? Mas estou mesmo? Será que eu…

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Crônicas

Eu deixei a minha terra

Alguns podem achar que esta crônica está dois anos atrasada, período em que estou fora do Brasil. De fato, são dois anos que troquei a chuva, o trânsito e a correria de Blumenau pelo frio, vento e a tranquilidade, ora assustadora, de Covilhã. Mas escrevo esta crônica hoje por ser um dia especial. Desprendi-me de mais um grilhão que enraizava em Blumenau: o Colmeia. O Colmeia nunca foi apenas um evento cultural. Não se tratava…

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Crônicas

A ovelha-negra de humanas

Eu poderia estar trabalhando, estudando, escrevendo artigos, mas estou aqui, a escrever mais uma crônica para esta bodega que estava mais abandonada que bares em Covilhã fora do período de aula. Volto a este bar que serve histórias para falar sobre as minhas desavenças com o povo de humanas. E é um caso especial, pois tecnicamente eu sou de humanas. Sou formado em jornalismo e apaixonado por artes desde criança. Já tentei ser músico, ator…

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Crônicas

Caligrafias de um garrancho

A palavra era Chesbrough, rabiscada rapidamente em uma anotação para a minha dissertação. No primeiro olhar após o rabisco, havia entendido, no segundo não conseguia mais decifrar. O garrancho era tão explícito que minha caligrafia mais parecia uma arte dadaísta que uma sequência de caracteres. Olhei e pensei:  existe alguém com a letra mais feia que eu? Uma realidade que convivo desde a infância, quando os cadernos de caligrafia eram métodos de tortura para uma criança…

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Crônicas

Sobre o tempo e a felicidade

Tá acabando, né? Uma pergunta com muitos sentidos, usada para bem, mas que me fez um mal na hora. Ouvi por skype do meu pai, sobre o primeiro ano do meu mestrado. A ficha caiu naquela hora, uma expressão pra lá de ultrapassada, aliás. Senti o tempo passando, a fila andando e a hora de voltar para a terrinha cada vez mais próxima. O desconforto tomou conta de mim: mas como assim, já está acabando?…

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Crônicas

Crônica do rumo perdido

Diz o Renato Russo que você pode andar distraído, impaciente, indeciso e ainda sim estar tranquilo e contente. Para muitos, trata-se de uma paixão, outros de amor, eu chamo de domingos e segundas-feiras. Para um ansioso, tudo é duvida e incertezas, mas talvez a absoluta falta de rumo pode ser doses de felicidade em meio a tantas angústias. Sofrer com o amanhã, com o que pode acontecer e principalmente com o que não pode acontecer…

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Crônicas

Ensaio sobre as selfies

Está na descrição do meu perfil no instagram: não sou fotógrafo e não tiro selfies. Trata-se de um alerta e uma mensagem de segurança para o cidadão que por ventura desejar me seguir na rede social: não haverá fotografias de qualidades, mas ao menos o seguidor não precisará dar de cara com a minha cara. Falta de amor próprio? Não. Uma forma exótica de narcisismo? Tampouco. Feio demais? Talvez. O fato é que não sinto…

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Crônicas

O Oceano

Era o começo do ano e eu sentei a beira mar e comecei a observar o oceano enquanto pensava na vida. Um rito sagrado feito há quase 33 anos que não podia ser quebrado. Estava tudo lá como sempre, as ondas do mar, as pessoas caminhando na praia, outros correndo. Tinham aqueles que ficavam no molhe, sentados, observado a vista como eu. As crianças se divertiam tanto quanto os cachorros, em uma disputa eterna para…

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