Já declarei meu amor às palavras neste blog de crônicas. Escrever é uma espécie de orgasmo intelectual. Palavras surgem nem fazer sentido e depois você encontra algum para elas. Palavras não são más, palavras não são quentes, palavras são iguais sendo diferentes, já diria Arnaldo Antunes.
Há quem diga que escreva somente para si. Jamais. Seja uma crônica, uma poesia, um artigo ou até mesmo um texão para alguma rede social, não existe texto sem leitor. Sem o leitor, as palavras desaparecem, perdem o sentido. Todo texto é escrito para ser lido por alguém, nem que este alguém seja o próprio escritor.
Palavras precisam de leitores ou de ouvintes. Palavras ganham formas sob olhares e ouvidos. Mas há algo que torna a palavra ainda mais forte – a palavra do outro.
Sim, esta crônica não é sobre a escrita. É sobre diálogos. É sobre dialética, a troca de mensagens, sejam elas verbais ou escritas. Todo escritor quer ser lido, mas também quer ser respondido. Aquele que diz que escreve sem desejar uma reposta, não escreve para os leitores, escreve para si mesmo.
As redes sociais derem microfone para todos comentarem tudo. Qualquer mensagem registrada vai ter não apenas um leitor, mas uma resposta. Há quem veja nisso um grande problema. Eu vejo uma evolução.
Não se pode dizer mais nada que sempre tem alguém reclamando, muito dizem. Na verdade, as reclamações, as respostas, sempre existiam. O autor é que não sabia delas. Tem gente que prefere não escrever, não comentar, não falar mais nada com medo da resposta. Melhor assim. Uma mensagem que não possa ter uma contradição não faz sentido, é uma mera pregação.
As redes sociais provam que a sociedade possui dificuldades para dialogar. Sim, as pessoas achavam que conversavam, mas na verdade falavam ignorando o receptor. No caos das redes sociais, você é obrigado a dialogar sempre que abre a boca, sempre que escreve um texto.
Dialogar é ruim? Dialogar é a melhor coisa do mundo. Talvez tenha que me declarar suspeito, pois sempre fui um tagarela. Mas a essência da vida é o diálogo. A troca de palavras, seja ela por voz ou texto, nos faz melhor como ser humano, nos traz a felicidade, o bom humor.
Sempre fui contra relacionamentos onde os casais pouco falavam. Se você tem dificuldades de conversar com ela, pule fora. Os amigos também. Até os inimigos. Se você não consegue enfrentá-lo em uma disputa retórica, ele não é digno de ser seu rival.
Dialogar para aprender, dialogar para convencer, dialogar para conquistar, dialogar para esquecer seus problemas, para solucionar conflitos, fazer as pazes, declarar guerra. É o diálogo que valoriza o silêncio, que muitas vezes dialoga mais que muitas palavras.
Dialogamos o tempo todo, até quando paramos de falar ou escrever. Deve-se aprimorar, tornar o diálogo melhor, um diálogo para abrir portas, fazer avançar coisas, fatos e ideias.
Olhe nos olhos da outra pessoa e responda. Termine de ler esta crônica e responda…