Crônicas

Eu, a Elsa e os guarda-chuvas verdes

Eu sou o maior doador de fones de ouvido e sombrinha do Ocidente. Tão generoso que minhas doações são feitas de forma involuntária, automática. Não há ninguém no novo e no velho mundo que perdeu mais fones de ouvido e sombrinhas que eu.

Fones de ouvido, em tese, são menos importantes no dia-dia. Menos importantes para os outros. Eu, que criei um Museu de Fones Perdidos, sofro quando viajo sem música ou podcast. Mas a crônica de hoje é sobre guarda-chuvas e a maldita Elsa.

Sim, eu odeio guarda-chuvas. Deveria gostar, já que venho de Blumenau. Talvez, se fosse de Joinville eu tivesse um affair com este importante acessório. Se fosse de Joinville, no entanto, teria mudado para Braga e não Covilhã quando escolhi as terras lusíadas. Braga, como dizem os portugueses, é o penico de Portugal.

Detesto andar com guarda-chuva. Detesto lembrar de pegar eles na hora de ir embora. Por isso vivo deixando eles por aí. Houve uma vez, em Blumenau, que decidi investir numa coisa dessas. Fui a uma loja e comprei um guarda-chuva novo, grande, bonito, verde. Parecia algo que iria durar muito tempo em minhas mãos. Aguentaria todo a primavera blumenauense.

Que nada! Na primeira semana fui a um restaurante e alguém levou antes de eu terminar o almoço. Lembro: era um guarda-chuva verde, vistoso, difícil de ser confundido. Não havia nenhum outro verde naquele restaurante. Fui roubado a luz do dia, no centro da cidade.

Muitos anos se passaram e novamente estava eu em uma loja para comprar um guarda-chuva. A previsão era de uma semana de chuva intensa nas montanhas, era o momento de pagar mais por um guarda-chuva bom. Lá fui eu, bom, vistoso, verde, inconfundível.

Eis que a Elsa aparece na crônica. Não a do Frozen e sim a tempestade agressiva que atingiu a península. Saí de casa tranquilamente, seguro, com o vistoso guarda-chuva verde. Mas na hora de volta…bastou 20 segundos de ventania (violentíssima, por sinal) para destruir o acessório por dentro.

Até consegui chegar em casa com ele. Mas com ele todo destruído. Um guarda-chuva bonito, vistoso, verde, sem mundial. Posso culpar a Elsa, que continua tocando o terror na janela da sala, mas a verdade é que eu não nasci para ter guarda-chuvas….

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