Eu tenho asco a remédios. Na verdade, eu tenho medo de remédios, por isso finjo que tenho asco. Coloco o manto do nojo por cima de muitas coisas que tenho medo. Eu sou daqueles que fica com dor de cabeça para não tomar dipirona. E nunca tenho remédios em casa, na mochila, quando alguém precisa, alguém me pede.
Também não sou daqueles que vive nos chás. No máximo, um chá de camomila, que assim como o café nos dias mais cansativos, já não faz mais aquele efeito de outrora. Não conheço os caminhos da cura, não sei muito o que fazer quando estou mal.
Esta é uma crônica sobre remédios? Ou sobre aquela música do Júpiter Maçã? E vou recomeçar essa história falando de algo que já escrevi por aqui: sobre o meu caso com o Mar. Nasci há 50 quilômetros do Atlântico e fui praticamente criado a beira mar. Mesmo branco demais, mesmo sobre a sombra, eu sempre apreciei o oceano e sua calmaria que me traz. Gosto de praia no verão, no inverno, em qualquer momento, em qualquer situação.
E quando você vai morar muito longe do mar, a 700 metros de altura, no pé de uma Serra, o mar torna-se ainda mais significativo. Até mesmo um rio pode ser. Água, eu preciso de água para me acalmar. E quando você vai ao encontro do rio que vai ao encontro do mar, tudo fica perfeito. O encontro do Douro com o Atlântico, observada pela Invicta e pela curiosa Vila Nova de Gaia. A região do Porto me fascina!
Esta crônica é então, sobre o mar? Sobre o por do sol entre Porto e Vila Nova de Gaia? Sobre as belezas de Matosinhos? Ainda não. Esta crônica é sobre viajar. Sobre tirar uns dias para deixar o mundo de lado e viver em uma realidade paralela, onde os problemas desaparecem, onde a carga se desmancha. Libertar-se do cansaço mental e permitir-se o cansaço físico, por horas e horas de intermináveis caminhadas. Momentos longe do computador, longe desse teclado, longe de tudo.
Assim como escrever, viajar é a minha terapia, é o meu remédio, é a minha Miss Lexotan. Viver na ansiedade é viver no futuro e isso não há como mudar. Se o futuro é uma viagem, o foco aumenta, a concentração aumenta, o tempo passa mais rápido, o corpo trabalha mais, a mente vai a exaustão. De distraído, impaciente e indeciso, continuo confuso, mas tranquilo e contente. A definição de paixão de Renato Russo se encaixa quando viajo.
Viajar para qualquer lugar, qualquer destino, qualquer valor. É a minha droga, o meu tratamento. Escrevo para desabafar, viajo para me desligar. Eu preciso me mexer para me acalmar. Eu só preciso ir por aí….