Quando as pessoas olhavam a minha carteira de identidade, a pergunta era sempre a mesma: “Teu nome então é Clebernaldo?”. Com uma coisa horrorosa dessas, era obrigado a assinar minhas matérias com Cleber Santos. Sou o jornalista mais preguiçoso da minha cidade, um predestinado a não fazer absolutamente nada que não venha até as minhas mãos.
É assim desde que eu nasci. Minha mãe me teve com quase 10 meses de gravidez. Foi preciso uma cesária inédita para me tirar do útero. Nas brincadeiras após a escola, eu não corria atrás de ninguém no “pega-pega” e era o primeiro a ser encontrado no “esconde-esconde”. Jogar futebol? Padrão Romário. Pegando sol na pequena área, esperado a bolar chegar para colocar para as redes. Era melhor ser centroavante que goleiro, pois esse tinha que pulas na bolas.
Fiz vestibular para jornalismo pois tinha um dos menores índices de candidato por vaga. Quando entrei no curso, os professores me diziam “Desiste rapaz, isso não é pra ti. Jornalista tem que ser dinâmico, devias fazer outra coisa”. Que nada! Me formei tirando 7 na monografia, orientada pelo professor Google.
Entrei na redação querendo escrever os obituários, assim não precisava “sair para pauta”. Mas logo descobri que tinha que ficar ligando para 500 telefones até achar um parente disposto a falar. Muito trabalho. Fui descolado para a Geral, onde aprendi a arte de enrolar as pautas para realizar o menor esforço possível.
A caixa de e-mails é o meu norte. O que chega é pauta, o que eu não recebi não aconteceu. Não há nada melhor que reelaborar releases, tirando aquele linguajar meio publicitário do texto original. Bem que os assessores de imprensa poderiam mandar em forma de matérias, não? Ficaria muito mais fácil.
Acidente? Prisão? Só se ligarem para redação. Se saiu no outro jornal, sorte a dele. Quando sou obrigado a sair da redação para entrevistas coletivas, já chego pedindo o release. De preferência, manda por e-mail, para não precisar digitar de novo. Farei 90% da matéria a partir disso e ainda chego no assessor e pergunto: “o que ele vai dizer de bom?”. Assim economiza tempo. Quando um jornalista de outro veículo leva o notebook para a coletiva, fica melhor ainda. Procuro sentar atrás e me inspiro nas anotações dele.
Eu montei um blog também. Ali exercito a prática pecaminosa do Ctrl+C Ctrl+V. Antes que alguém me chame de plagiador, eu coloco a fonte em todas as postagens. Assessor nenhum reclama dele, pois estou publicando exatamente o que ele quer que seja publicado. Meu twitter só dá RT e o meu Facebook só tem compartilhamento.
Vou terminando por aqui, esse texto de apresentação. Mas não se impressione, eu copiei quase tudo de um site que eu vi por aí.