Faltavam 10 minutos para as quatro horas da madrugada quando Luiz deixou o bar. Vestindo uma calça jeans e uma camisa da Banda Ramones, ele parecia profundamente irritado. Atravessou a rua, sentou no banco do ponto de ônibus, tirou um revólver da cintura e começou a recarregar o calibre 38.
A namorada de Luiz, Letícia, saiu em seguida. Preocupada com o amado, ela correu até o ponto de ônibus e lhe deu um beijo. Tentou acalmá-lo e pediu para ele não utilizar a arma. Ela queria ir embora. O pedido foi em vão. Ele estava decidido a se vingar.
Já era a décima garrafa de cerveja consumida por Odilon. Com a cabeça encostada no balcão, ele contava para o barman, as suas histórias de mais uma noite sem sucesso. A solidão batia forte, mas a esperança não havia acabado. Tudo por causa de uma bela loura de olhos verdes que tinha avistado na noite.
Odilon passou boa parte da festa olhando para ela. Linda e encantadora, despertava os sentimentos mais íntimos dele. Quando ele viu a moça ir até o caixa pagar a sua comanda, havia desistido de conhecê-la. Mas quando a viu sair pela porta, encontrou forças para ir atrás.
Luiz engatilhou o revólver, empurrou a namorada para trás e foi para frente do bar. Escondeu-se atrás de um carro e mirou sua arma para a porta do estabelecimento. De longe, a namorada gritava para ele esquecer o que tinha acontecido na festa. Letícia começou a chorar pedido para ir para casa.
Em certo momento, chegou a afirmar que terminaria o namoro com Luiz, mas a ameaça não trouxe resultado. A porta do bar foi aberta e o namorado disparou dois tiros contra a pessoa que saia. A vingança foi completa.
Decidido a conversar com a mulher dos seus sonhos, Odilon abriu a porta e deixou o bar. Mas foi surpreendido. A loura estava nos braços de outro homem. Este, vestindo terno e gravata levou a mulher para o seu carro importado conversível e foi embora.