Crônicas

A desobediência civil infantil

Quando eu era criança, eu queria ser músico. Forcei meus pais a pagarem um curso de violão particular. Pior, tiveram que comprar um violão e inverter as cordas, pois eu sou canhoto e a coordenação motora nunca foi muito com a minha cara. Eu não conseguia tocar com o violão “do lado destro” como muitos canhotos fazem. Invertendo as cordas, eu era o único da casa que podia usar. Jogaram dinheiro fora. Apesar de um…

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Crônicas

Em busca de Aquilo

Eu trai o movimento livreiro. Comprei um kindle e confesso: estou preferindo a tela do gadget que as folhas impressas, até porque os ônibus da Verde Vale viraram meu local de leitura. O dia em que eu me peguei lendo no kindle uma obra que eu já tinha na estante, parei para refletir sobre o hábito de colecionar livros…e voltei até 1990, o dia em que conheci Aquilo. Eu tinha seis anos e estava entrando…

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Crônicas

Ensaio sobre a terça-feira

Escrever uma crônica sobre uma terça-feira em uma terça-feira de carnaval pode ser irônico, provocativo. Mas não passa de um acidente, pois esqueci de escrevê-la na semana anterior. O fato é que estou aqui para provar para vocês que a terça é o dia do trabalho, ou o pior dia da semana, para os mais preguiçosos. Começo desmistificando a segunda-feira. Desde os tempos de escola você escuta que ninguém gosta desse dia da semana. Quando…

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Crônicas

Ensaio sobre a TUA MÃE!

Caro leitor. Convido para continuar nesta página e ler este texto até o fim. Fique tranquilo, não irei lhe ofender nesta crônica, tampouco vossa progenitora. Este é sim, um ensaio sobre a tua mãe, mas quero aqui refletir sobre as presenças delas no linguajar do nosso dia-dia e não sobre as pessoas em si. Comecei a refletir sobre a tua mãe em meados de 2004. Nas salas de aula do curso de jornalismo da Univali,…

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Crônicas

Desjornalistas: o preguiçoso

Quando as pessoas olhavam a minha carteira de identidade, a pergunta era sempre a mesma: “Teu nome então é Clebernaldo?”. Com uma coisa horrorosa dessas, era obrigado a assinar minhas matérias com Cleber Santos. Sou o jornalista mais preguiçoso da minha cidade, um predestinado a não fazer absolutamente nada que não venha até as minhas mãos. É assim desde que eu nasci. Minha mãe me teve com quase 10 meses de gravidez. Foi preciso uma…

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Crônicas

Fator 30

A mancha molhada na parte de trás da camisa social indica o começo do verão. E não adianta colocar uma camisa de malha por baixo. Aquela mancha escura, como se você estivesse mijado em suas próprias costas, irá existir, chamando a atenção na rua. O verão só é bom para quem não trabalha ou para quem mora na praia. Aquele vento forte depois do almoço atingindo a varanda onde você está deitado em uma rede…

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Contos

O escrivão

A chuva caia fina em Florianópolis. O frio era intenso e poucos se arriscavam a sair naquela noite estranha. Os policiais chegaram por volta das 10. A Praça XV, habitada por jogadores e dominó e pombos, estava deserta. Nem mesmo traficantes de drogas ousavam. No meio da praça, o corpo da jovem loira, com uma camisa do Figueirense, os lábios de sangue e os olhos azuis eternamente abertos. O policial que mais se afastou do…

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Crônicas

A cliente solitária

Reunir os amigos, colegas de classe após a aula ou de trabalho após o expediente e conversar sobre os mais diversos temas, desde futebol, passando por assuntos do serviço até política e as festas do final de semana. Tudo isso acompanhado com uma cerveja gelada e, às vezes, algumas porções. São razões básicas que levam jovens e adultos para os bares. No Botequim Literário não é diferente. Além do tradicional balcão com vidros de ovo…

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Crônicas

Pão de trigo

Uma bela padaria em uma avenida a beira mar. Ambiente climatizado, tudo muito limpo e aquela fartura de bolos e doces em exposição implorando para que você leve junto para casa. Chego ao balcão e encontro uma jovem sorridente no atendimento. Peço dois pãezinhos e ela, com toda sua simpatia, responde: – Pãozinho não temos mais, moço. A felicidade acabou. A moça sorridente deveria estar zoando com a minha cara. Por quê? Por que atrás…

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Crônicas

A muitos passos do paraíso

Uma mochila nas costas e uma bolsa de viagem na mão. Fone nos ouvidos, óculos escuros, camisa dry-fit, bermudão e tênis para corrida. Assim chegou o jovem na rodoviária de Blumenau. Cheio de planos e sonhos para passar os últimos dias de 2013 em Balneário Piçarras. Mal sabia ele que antes de chegar ao paraíso, ele precisaria dar uma passadinha no inferno. São os tipos de pessoas que você deve evitar em um ônibus: as…

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